janeiro 16, 2010

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É como uma droga pra mim, uma longa viagem enquanto ali parado eu abro minhas asas e sinto seu ritmo e timbre perfeitos. Eu caio num abismo imenso, minhas aulas precárias de vôo garantiram que eu não chegasse ao chão, não totalmente. Tento equilibrar-me com impulsos, meu corpo sente o sereno de uma noite de verão, tão imenso e tão amedrontador, eu passo raspando nas incríveis ondas gigantes, sentindo com as pontas dos dedos a água salgada queimando minha pele. Eu nunca me acostumei com a sensação, é sempre o frio na barriga, o coração a mil e meu corpo todo se arrepia. É como um sonho, daqueles que você luta pra não conseguir acordar e quando acorda tenta dormir de novo pra uma tentativa geralmente frustrada de voltar ao mesmo sonho. Não há sensação que se compare, não há como descrever, as palavras sequer existem quando acontece.
E ao mesmo tempo que eu tento explicar, meu egoísmo me instiga a querer só pra mim, porque é isso que o torna tão único, tão simples, tão fatal.

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