janeiro 11, 2009

sal.

E quando eu deitei ali tudo que ouvi foi o som do mar, as ondas, o vento que soprava de leve nos meus ouvidos. E algo ali tomou conta de mim, de repente me vi correndo por toda a praia, por vezes com os olhos fechados. As lágrimas caíam dos meus olhos, pouco esverdeados aquela noite, eu não quis enxugá-las. Corri muito, e quanto mais longe eu ia a dor parecia aumentar cada vez mais. Eu caí sobre a areia, e ali mesmo gritei o mais alto que pude. Gritei toda dor, gritei tudo que senti. Ali o mundo me ouviu pela primeira vez. Eu não pude sequer falar, mas meu grito ecoava por toda extensão da praia. Não consegui me levantar. Como era possível sentir tantas coisas ao mesmo tempo? Eu queria fugir, fugir pra bem longe dali, fugir de tudo, de todos meus medos, de todas minhas lembranças, queria fugir de mim. Sentia um quarto da minha vida ir-se, como se com o vento.
Parece que foi ontem que eu havia ganho aquela coleção de carrinhos, parece que foi ontem que tudo desabou aqui. Mas já faz algum tempo agora, já faz tempo que começou a doer, já faz tempo que aquela ferida se abriu e ainda não fechou. Aprendi a contornar a dor, tão fácil, mas às vezes volta tudo, e aquele nó na garganta aperta mais um pouco. E ao meu redor tudo continua, caindo, caindo, e caindo...
Foi quando encontrei dois olhos azuis, diria que perfeitos, olhando em minha direção, e então seus lábios já estavam nos meus. E ali eu senti minha fortaleza. Ali eu quis ficar pra sempre. Então como o vento de novo, se foi. Tão rápido quanto esse texto, tão frio quanto a água aquele dia, mas tão intenso.

Eu tive um sonho, um sonho muito covarde, um sonho que mostrava que estava tudo bem. Um sonho que me fez não querer dormir por algumas noites. Eu sonhei que o mundo era um lugar bom.

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